Reportagem do EM conversou com a aposentada Maria das Dôres Maciel que fez o registro em cartório de como quer ser tratada em caso de doenças graves
Uma das maiores, talvez a única certeza que temos na vida, é a morte. O desejo de ser tratada com respeito e dignidade caso venha a ficar doente e dependente de alguém fez com que a aposentada Maria das Dôres Maciel, de 63 anos, decidisse registrar o testamento vital em cartório.
Para ela, a possibilidade de registrar suas vontades era uma novidade e, para formalizar o processo, ela contou com a ajuda jurídica.
“Não tinha nenhum conhecimento dessa possibilidade, apenas sabia que queria ter minhas vontades registradas. Receber orientação profissional foi fundamental para a declaração das minhas vontades”, contou.
Dorinha, como é chamada, relatou que o desejo surgiu justamente de outros exemplos que ela teve na sua família.
“Isso surgiu por ter passado por experiências na família e por ver pessoas próximas passando por situações semelhantes. Ter alguém dependente para cuidar e sem saber ao certo se as decisões eram as mais a acertadas”, explica.
A aposentada não está sozinha. Em 2022, Minas Gerais bateu recorde nesse tipo de registro, de acordo com o Colégio Notarial do Brasil – Seção Minas Gerais (CNB/MG). Naquele ano foram 55 pessoas registrando as chamadas Diretivas Antecipadas de Vontade (DAVs), popularmente conhecida como testamento vital.
Em 10 de julho, Portugal descriminalizou a eutanásia. A regulamentação deverá ser feita em até noventa dias. Por lá, com a nova lei, a morte assistida será autorizada apenas para maiores de 18 anos ou em casos de incapacidade física da pessoa doente.
Quando questionada sobre os motivos pelos quais tomou a decisão, Maria das Dôres afirma que seu objetivo é, de alguma maneira, facilitar a situação para sua família.
“O principal motivo é ter um plano que facilite para minha família caso eu passe a ser uma pessoa dependente de cuidados prolongados. Penso que esse tipo de decisão deve acontecer, principalmente, enquanto ainda temos lucidez. A finitude é fato e precisamos nos ater a questões práticas”, finalizou.
Jornal Estado de Minas
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